Parecia uma reportagem como outra qualquer. Ontem, o Jornal Hoje veiculou material dando conta do enorme crescimento da classe média e o boom do consumo na região Nordeste do Brasil. Para os clubes de futebol, as informações repassadas são valiosas na mesma medida com que costumam ser negligenciadas.
Divulgou-se que o crescimento no poder de compra dos nordestinos modificou tambem o perfil de consumo da população. Nada menos que 40% dos brasileiros que pretendem adquirir um smartphone ou viajar de avião são da região. A nova classe C – que nos últimos dez anos cresceu mais no Nordeste do que no restante do país – hoje representa 34% da população, atrás apenas do Sudeste (36%).
Mas não é só. Nordestinos seriam os mais interessados em adquirir imóveis, automóveis e eletrodomésticos. Uma grande varejista estima em 60% o crescimento nas vendas de refrigeradores frost free, o que ilustra a tendência verificada. Segundo a revista Exame, depois dos bens de primeira necessidade, o Nordeste vivencia a “segunda grande onda” de consumo, incluindo agora bens duráveis e eletrônicos.
O bom momento da economia nordestina vem após anos de atraso com relação aos estados do Sul. Curiosamente, o atraso se torna um bônus, já que é mais fácil crescer sobre uma base deteriorada - uma das explicações para o sucesso da economia chinesa. Quando isto acontece, a modificação no perfil do consumo (a tal “segunda grande onda”) faz com que produtos não essenciais se tornem parte do dia-a-dia. É aí que entra o futebol.
Camisas oficiais, adesão a projetos associativos e compra de pacotes de pay per view só entram para a cesta de consumo quando as necessidades básicas já se encontram supridas. A partir de então, o aumento nas receitas vindas dos torcedores nordestinos torna-se considerável. Estes mesmos se viam desprezados até por quem finge entender do assunto. Não foram poucos os estudos de “potencial de consumo das torcidas” exageradamente enviesados na direção de mercados maduros ou locais. Esta não é mais a realidade.
Então fica a pergunta: quem ganha com o enriquecimento do Nordeste?
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